Não contive as lágrimas
Chegando aqui percebi que aquela emoção na saída de Praga não era melancolia ou solidão era uma emoção boa mais ainda sem nome. Meu coração ficou batendo forte quase 24 horas, desde que entrei na Itália. Um dos momentos mais molhados foi o abraço da Basília São Marco, aonde me senti acolhida e cuidada. Lá fiquei entre lágrimas e orações durante um tempo incontável. Senti-me ligada... sentia os pés, sentia as costas, sentia o alto da cabeça... sabe quando se chega na casa dos pais? Essa sensação de se estar em um lugar aonde tem alguém que olha pela gente?
Já senti isso outras vezes. A mais recente foi numa igreja em Paris, aonde ouvi coisas que acalmaram o meu coração. Palavras desciam com as luzes dos vitrais dizendo, que, era para eu me acalmar que tudo aquilo era providência divina. E eu, fui me acalmando. Naquele dia sentia um calor enorme nas mãos como se cada lado tivesse um apoio.
Mas essa sensação é ainda mais antiga. Lá em São Marco, na bela Veneza, lembrava da paz que sentia quando menina, nos momentos em que passava os recreios na capela da escola. Minha oração era silenciosa. Bastava estar ali envolta naquela sensação de aconchego.
Engraçado é que, um americano, novinho, veio com um conversa atravessada no meio da igreja: "Tudo bem? Você está bem?" Eu digo: Sim. E ele diz: Você parecesse "depressed". Então respondi: Não você está enganado, estou "Impressed". E dei um jeito de deixado, pois tinha umas cantadas de menino. Ele queria me impressionar, fingindo que sabia falar das pinturas (que eram mosaicos) da igreja. Mas eu estava mesmo impressionada com aquele universo de mosaicos dourados nas paredes e tetos, enquanto no chão eles continuavam formando mandalas que seguiam por toda igreja. Uma obra de arte!
O dia que cheguei foi de brinde. Saí bem vestida para jantar comigo mesma. Passei até lápis no olho e aquela echarpe florida de novo, a preferida da estação. E fui muito bem atendida no Bistro Venice. Um Prosseco inaugurou minha chegada. Comi o primeiro prato, pasta com lagostin e o segundo, merece uma descrição a altura: 5 lagostins empanados com amêndoas grudadas na casquinha crocante. Já tem dias que comi isso e ainda hoje enche minha boca de lágrimas (ato falho - água- mas deixo aqui as lágrimas tema do texto!).
Também merecia. Neste dia saí cedo de Praga e peguei:
- taxi para o aeroporto.
- ônibus para chegar ao primeiro avião. Pequeno de hélice. Não tinha finger.
- ônibus para sair do avião em Munique.
- uma hora de atraso em Munique (tempo de escrever os emails de Praga pra vocês).
- ônibus de novo. Só que quando entrei ficamos parados uns 40 minutos. Até dormi.
- No aeroporto de Veneza, temos que arrastar as malas até o transporte público aquático. Talvez mais de 500m.
- Para embarcar e desembarcar você carrega suas malas do braço. E passa por uma prancha, tipo capitão gancho, cuidando para não despencar com tudo.
- Chegando a Veneza mesmo, você sai procurando o seu hotel empurrando sua mala meio a multidão de turistas. E olha que o chão são daquelas lajotas antigas, não desliza fácil.
- Só descobri essas dificuldades lendo o meu guia nos últimos minutos antes de pousar na Itália.
- Mas ainda bem que estava hospedada quase dentro da Praça São Marco então o caminho era só uns 500m. Imaginem como foi para quem reservou o hotel mais pra dentro. Ou estava com malas mais pesadas... Só ficava pensando que iria escrever um guia: “Como chegar a Veneza. Prepare-se” E pensando porque ninguém me contou antes? Porque vocês que já estiveram aqui não me contaram?
Então, o jantar maravilhoso que eu tive, que não precisava de justificativa para ter acontecido, tinha muito incentivo.
As pessoas passam por aqui por 24 horas. Eu reservei 5 noites. Essa é a penúltima e não achei muito. Estou vivendo cada bairro, cada ilha, cada ponte com calma. Hoje passei o dia em Murano, voltei cheia de lindos anéis, pulseiras e colares. Uma perdição!
Assim mais cores agora dos vidros de Murano seguirão comigo pintando minha viagem.
Agora sigo pela Itália...
Menina,
ReplyDeleteEssa é a cidade que amo, que vivi e que sonho em voltar. Murano, então...de cores e de formas! Passeava por cada ponte e bequinho desta cidade e à noite voltava para Mestre de trem, onde morava. Faz tanto tempo que parece filme, mas destes que estão sempre frescos na memória. Te acompanho de perto com o seu blog, nosso blog! Já está a sua cara. Adorei ver o narizinho novo debaixo do chapéu. Visu super tchans!
Beijos.