Saturday, May 14, 2011

A efervescente Praga


A efervescente Praga

Sigo para a República Tcheca e me emociono por adentrar o leste Europeu. Esses marcos territoriais são demais. Antes em território turco coloquei meu pé pela primeira vez na Asia (menor como é chamado) e agora rompo os limites europeus conhecidos e avanço um pouco mais em direção ao oriente. Percebo também o sol de acordo com o lugar que estou, além do fuso, é uma atração a parte. Em colônia diferente da Turquia nove e meia da noite ainda tinha luz no céu. Aqui em Praga um pouco menos, mas também segue com luz pra lá das 8.

O gulash e as salsichas, agora no pão, continuam me acompanhando na viagem regados agora por cervejas tchecas maravilhosas. Os dias estão quentes e são um convite para esse deguste. Praga brilha nas cores da arquitetura art-nouveau e no sol de céu azul absoluto, nenhuma nuvem. Então meu chapéu não sai da cabeça. Essa cirurgia acrescentou um charme nessa pessoa que anda pelo mundo sombreada. Sem poder tomar sol no rosto por uns meses e sem poder colocar óculos nesse nariz que ainda se recupera da nova moldagem o chapéu é obrigatório. Vocês verão nas fotos. Já rendeu elogios.
Excita-me chegar a uma cidade fervilhando cultura nos festivais de primavera. Na primeira caminhada no domingo caio no meio da maratona de Praga. Concertos, teatros e danças são panfletados por todos os cantos. Ontem segunda já às 11 da manhã tinha um palco armado, aonde foi a maratona, anunciando que teria alguma bagunça ali ao longo do dia. Sem saber muito bem andar por esse mapa caí nessa praça mais tarde e acabei vendo um pouco do show de uma banda adolescente que cantava com sol a pino.
Isso depois de ter passado do dia no Castelo de Praga, um complexo de vários palácios, basílicas e a maior Catedral da República Tcheca. Impressionante. Na saída, percebi que tinha subido muito para chegar ao castelo quando sou surpreendida com uma linda vista de toda a cidade, com suas inúmeras pontes. Não consigo descer frente a tanta beleza então entro em uma espécie de parque, meio a uma amostra de plantação de uva, com alguns lugares para tomar cerveja e vinho, mas o que eu faço é me jogar na grama e descansar. Fico ali por um bom tempo tiro fotos, começo a ler um novo livro, recebo uma ligação do vovô e vovó Elisa e a cidade continua ali como numa tela de cinema mudo.

À noite fui assistir ao teatro de marionetes Don Giovanni em italiano no original. Uma sala antiga e bem pequena com aquelas cortinas bordos super tradicionais que são suspendidas de baixo pra cima e não para lateral como hoje são as modernas. Isso tem um porque, assim eles ajustam o quanto querem que a gente veja os profissionais que movimentam os bonecos. Marionetes de meio metro se movimentam pelo palco tiram risadas do público e alguns bocejos, pois o espetáculo dura duas horas.

As marionetes estão por toda parte na cidade umas mais elaboradas que as outras. As vitrines são verdadeiras exposições dessa arte manufaturada. Encanto-me com as bruxas, encontrei até uma seria, gostaria de levar várias, mas como a mala já veio pesada e vai seguir comigo vários meses resolvo levar apenas as fotos.

O dia de ontem acabou com uma passadinha na praça para ver o final do show que durou todo o dia e noite. Com direito a ouvir um "obrigada" de uma guitarrista brasileira que estava no palco. E pão com salsichas brancas com aquelas ervinhas no meio, mostarda e a Pilsen-Urguell. Quase 12 horas no ar em Praga.

Por isso descanso na cama hoje de manhã escrevendo pra vocês antes de sair, pois um programa leva ao outro e não sei que horas volto. O plano é almoçar em um lindo restaurante abaixo da ponte Charles. Que me emocionou ontem na travessia. Conto mais tarde. Quem sabe um concerto ou...

Agora no vôo de Praga para Venice (com conexão em Munique) continuo o relato da linda cidade.

Ainda bem que saí um pouco mais tarde do hotel neste último dia em que escrevi para vocês pois só voltei 23:30. Abri o dia com uma exposição de Salvador Dali. Magnífica com peças que não tinha visto em outro lugar. Principalmente suas pinturas em cerâmica e tecido. Fui almoçar naquele lugar que lhes falei Kampa Park, estava indicado no guia Wallpaper. Passando a ponte Charles que a ponta mais badalada de Praga, tem tocadores e cantores por toda parte, uma feirinha de artesanato, com coisinhas linda. É meio mística se tocar no cachorro dizem que você volta a Praga e se tocar no Santo John Nepuco dá sorte. Adivinhem se coloquei minha mão lá? Nas dicas que eu recebi de uma cliente falava assim "vá andando para o castelo, o caminho é lindo, passe pela ponte Charles, compre um brinco, um colar..." E assim fiz, quando passei pela ponta a primeira vez, comprei um colar de borboleta e passei todo o dia acompanhada por ela. O almoço foi uma delícia, mas uma comidinha bem pequeninha. À francesa, mais Frances do que as porções que achei na França que eram generosas. Mas delicioso, salmão, com aspargos e um suflê de couve flor. Chops deliciosos fizeram o tempo passar devagar, o plano era almoçar. E uma sobremesa de arrasar, chocolate, framboesa e espuma de café.
O dia estava lindo então resolvi continuar "outdoors". Tirei minha canga providencial da bolsa e me estendi na grama debaixo de uma árvore em um parque. Cheio. Cachorros crianças, gente lendo, bebendo, tomando sorvete, papeando, namorando. Até um casal super ousado achei, deitado um em cima do outro. Ela embaixo com as pernas abertas. Ele grande gordo deitado em cima dela. Achei meio erótico grotesco. Mas eles estavam super a vontade e não chamavam a atenção das pessoas em volta.

Depois acabei achando um teleférico que dá no alto de um parque aonde eu subi em uma torre, cópia da Torre Eifel, menor é claro e tive uma vista 360 de Praga. Essa realmente foi uma das vistas, senão a mais bonita que tive de uma cidade. No pé da torre um chop Pilsen Urguell de novo com salsicha feita na hora no pão preto bem gostoso. Resolvi descer andando o parque quer é uma montanha enorme.
Já exausta mas pensando, desde cedo, que podia achar a indicação de um Jazz que tinha recebido. Passa pela minha cabeça que o universo poderia colaborar para que eu achasse o lugar. Na volta pra o hotel resolvo mudar o caminho, agora mais "safa" no mapa da cidade e dou de cara com o próprio "Reduta Jazz Club". E como se não bastasse com o café que minha cliente, que morou em Praga, indicara como o melhor café. Um do lado do outro. Então subo no café, de 1900, escondido no segundo andar de um prédio antigo. A indicação era tomar o chocolate quente melhor do mundo. Pra mim uma calda de chocolate. E pedi uma inesquecível "apffel studell". Que voltei para repetir no dia seguinte. Como o café parecia realmente bom de cozinha e ambiente no dia seguinte voltei para almoçar lendo livro no terraço deles. Lá fiquei horas nesse meu último dia.
E foi ao Jazz. E no dia seguinte ao "The Black Theater", o show Africans maravilhoso. Eles brincam com o escuro e o neon com cores fosforescentes e o branco preto. Dança contemporânea com movimentos dos animais mais imagens projetadas. Lindíssimo! Não era a Broadway mas poderia ser. Em uma casa pequena na rua chique de Praga Pariska (Paris).
Assim deixei Praga cheia de experiências e sensações dentro de mim.
Na manhã da minha partida estava até meio emocionada, meio melancólica. Achei que pudesse ser pela emoção de quem enfim estaria indo para Itália e entrando por Veneza. Mas talvez seja a despedida de Praga. Não sei! Uma emoçãozinha querendo sair do peito. Ou talvez tenha a ver com esses dias que passei acompanhada comigo mesma. Os primeiros dias realmente só. Uma solidão calma no mundo.

2 comments:

  1. Bom dia Amiga!
    Hoje pela manhã, em minha rotina habitual feliz ao lado da Carol minha pequena, linda e sonhadora namorada fora surpreendido com seu vivo e contagiante texto. A Carol me mostrou empolgada e super feliz por receber mais uma vez notícias de uma amiga que ela tanto gosta e quer bem. Lemos suas experiências diversas como se nós estivéssemos aí com você. Seus relatos que agora também são nossos (mesmo que seja apenas de coração), lemos, rimos, choramos e demos muitas gargalhadas juntos. Suas histórias são com o filme: Comer, rezar e amar e estamos muitos felizes por seu momento seu, "Minute allein”. Torcemos por essa viajem seja um encontro consigo mesma e escreva sempre. Estamos aqui esperando por cenas dos próximos capítulos da sua viajem linda e surpreendente. Super Bjo!
    Eduardo Nunes&Carol Berga

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  2. Tenho que confessar que eu terminei de ler o livro "Comer, amar e rezar" e o "Comprometida" (continuação) neste verão. Já tinha decidido viajar mas eu fiquei muito inspirada com a exepriência dela. E com a coragem de relatar... aqui estou eu: corajosa! Obrigada pela mensagem. Gostei muito, espero que tenhamos outros momentos juntos! Ly

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