Friday, July 22, 2011

Cíclades


Cíclades

Cíclades... ciclos... são assim... abrem e fecham. Abri uma nova temporada quando marchei para o mar. E o mar se abriu pra mim. Fui para o mundo. Quando um lugar se torna estreito é preciso seguir - sair do acampamento, diz Borner, em A Alma Imoral, que acabei de ler há poucos dias. Guiada por minha alma que dizia o que era bom, e não o que era correto, saí. O movimento é bom. E o melhor é que quando a gente segue a alma o caminho se torna o correto. E agora o ciclo está se fechando, mas sem se antecipar pois ainda tenho cada um desses últimos dias para desfrutar.

Templo de Zeus, Athenas, Grécia
De Roma fomos para Atenas aonde esperamos minha mãe chegar do Brasil. Então formamos o quarteto para o início dessa temporada na Grécia. Athenas confirma o meu desgosto por centros urbanos. Mas maravilha por sua Acropoli. No alto da montanha se vê de qualquer ponto da cidade as ruínas de mármore branco do império Grego, em contraste com o céu azul ensolarado de pleno verão. Ou à noite com os holofotes que mantém a principal decoração da cidade a vista de todos a toda hora.
Mas o destino na Grécia pra mim sempre foi o mar. As ilhas Gregas. E é de uma delas que lhes escrevo agora. Visitei vários mares nessa viagem: mar Adriático, mar da Ligúria, mar Tirreno e agora dei as boas vindas para os lindos mares azuis: mar Egeo e mar Mediterrâneo.
Acrópoli, Atenas, Grécia
Estou em Paros, uma das ilhas cíclades. Como diz meu pai em Paros parei! E paramos mesmo porque esse finalzinho sem programação nos deixou mais 2 dias aqui. Só tinha barco para o nosso próximo destino, Creta, dois dias depois do que queríamos. Sem nenhum incomodo, pois estender a estadia em uma dessas ilhas não é esforço algum. E há que se deixar levar quando se está viajando. Depois do passeio de barco que fizemos hoje, eu e minha irmã, é fácil entender porque ficamos mais uns dias aqui. Nadei na imensidão azul. E o efeito: uma leveza no corpo e na alma.
Atenas, Grécia
Leveza e alegria que contrastam a sensação de poucos dias atrás quando adoeci. Outra infecção, agora de garganta. Como se não bastasse os meses de sinusite e a cirurgia antes da minha viagem. E depois de 90 dias me sentindo cada dia melhor, respirando mais... outra! Fiquei mais triste que doente quando acordei baqueada. Pensei até em voltar mais cedo para o Brasil. Mas enfim, um suspiro e médico. Eu não queria sentir como é viver fora do Brasil? Então? Vamos resolver os problemas no local da morada. Fui ao hospital público de Paros e fui medicada. Dessa vez o antibiótico fez efeito rápido e eu diminuí o ritmo de sol para poder completar os meus 100 dias.
Paros é uma ilha pouco turística. Na verdade é um lugar de veraneio dos Gregos o que a torna muito especial. É calma e não tem os grupos com bandeirinhas para cá e para lá. Menos árida que as que visitamos anteriormente. Aqui se vê algum verde, arbustos e árvores retorcidas.



Aliás, esse é o retrato dessas ilhas: paisagens áridas, quase desérticas mas rodeadas pelo mar mais azul do mundo. Pelo menos dos que eu já vi. Casinhas brancas espalhadas em um amplo espaço com poucos detalhes em cor. A maioria puro branco. Só em Santorine que as construções se aglomeram aos montinhos brancos no topo das montanhas. E vermelho às 20:45 quando o sol mergulha no mar se espalhando por cima dessa paisagem simples e marcante.



Estou aqui na varanda do meu hotelzinho familiar contemplando essas casinhas brancas, esse mar e esse sol que acabou de dizer adeus mais ainda deixa seu rastro. Agradeço por tem tido tempo. Porque esse é o bem mais precioso da nossa era. Tempo para ver o por do sol a cada dia desse verão nas ilhas gregas. E curto esse ócio. Criativo. Aonde fora pouco acontece. Até o sol tem preguiça de ir embora e se recolhe tarde. E dentro muitos movimentos.

Antes de Paros estivemos o quarteto, pai, mãe, eu e irmã Rachel em Mikonos e Santorine. Mikonos abriu essa temporada em grande estilo aonde meu pai escolheu um hotel aonde o azul da piscina “encontrava”, com o azul do mar e com o azul do céu. Cada café da manhã era um evento regado a Prosseco. Demos gargalhadas quando uma menininha de uns 9 anos pergunta pra mãe, na mesa atrás da nossa, “Mãe, até quando vamos viver nessa vida de luxo?”. O inglês ainda deixou em nossos ouvidos a tradução como luxúria.

O que fez ainda mais sentido ao total desfrute que foi ficar naquele hotel todo branquinho, plataformas suspensas no meio da água da piscina para tomar sol, quartos com paredes levemente róseas, um clima romântico, bom até pra se apaixonar por si mesmo. Obrigada pai e mãe pela oportunidade. Tive dias maravilhosos. E ainda na companhia de vocês e da Rachel que mudou completamente o clima da viagem. Agora eram férias, com gente conhecida, confortável. Bom também!
Isso de mudar o clima é o mais saudável em uma viagem. E na vida, não é minha gente? Quem está dentro que sair, quem está fora quer entrar. Quando está quente queremos esfriar, quando está frio queremos esquentar. E essa foi a lógica que usei na minha viagem. Baseada no meu ritmo e alternando contrastes. Já tinha percebido isso em viagens anteriores e estou me aprimorando.
Santorine, fotógrafa Rachel Joffily
Na prática é assim: tinha visto muitas cidades, Istambul, Colonia, Praga e Veneza. Precisava refrescar os olhos, o corpo e o coração. Então antes de ir para Florença senti que precisa abrir espaço para esta cidade. Aliás, ela merece. Queria algo completamente diferente. Senão satura os sentidos e não absorvemos mais nada. Então fui para beira do mar, natureza, trilhas. E fiquei nesse clima por um tempo até descansar continuei no ecoturismo no norte da Itália até que estava pronta para receber Siena e Florença. Ou ser recebida? Ou ambos. A cidade nos recebe abrindo espaço pra gente entrar e nós a recebemos tendo espaço para deixá-la entrar. A alternância de contrastes também se fez presente no estar só e estar com. Passava uns dias sozinha, gostando de estar viajando comigo mesma, e quando já estava “saturando”, me juntada com uns aqui ou visitava um primo ali. E no final quando já estava dois meses longe da família recebo os com muita vontade. Esse é uma boa receita para motivação, não acham?! Alternância de contrates. Dá mais gosto em tudo. No calor. No frio.
Voltando a Santorine, foi um impacto já na chegada! Uma ilha comprida de um relevo recortado que conta a história de um vulcão que entrou em erupção e afundou Atlântida (dizem). Mas o fato é que uma grande porção de terra dessa ilha que era arredondada foi para o fundo do mar. E hoje formou o que eles chamam de caldeira. Local também aonde o sol debruça seu vermelho fogo pra não deixar esquecer a origem.
Fiquei boquiaberta. O barco ia se aproximando da ilha e aos poucos podíamos ver as casinhas brancas lá no alto da montanha. A maior parte das construções da cidade está no topo dessa montanha. Impressionante. E a ilha é também muito maior que eu imaginava. Gostei muito de Oia, o cartão postal de Santorine. Aqui estão as casinhas branquinhas e igrejinhas com teto azul redondo escorrendo pelo morro abaixo até achar o mar azul cobalto. O azul aqui é profundo, pois no fundo a rocha é escura. Essa ilha me encantou pela paisagem geológica. Lembrava da minha irmã Carol, geóloga a cada encosta. Praia vermelha, porque as rochas são dessa cor, logo depois paredão de mármore branco, navegando um pouco mais entre duas montanhas, um vulcão que entrou em erupção há uns 400 anos atrás e as pedras ainda estão soltas e a outra com rochas sedimentadas como ferro provando que a explosão tinha sido para lá de 3 mil anos. Carol, identifiquei alguns conglomerados e uns afloramentos, acho. Mas certamente faltou a sua legenda. Esse passeio teria sido mais interessante com você de guia especializada, como foi quando fomos juntas para Fernando de Noronha.

Mikonos, Grécia



Contudo, Santorine não tem praias muito agradáveis para aproveitar o verão. Mikonos nesse aspecto é bem melhor. É certo que cada ilha tem sua beleza. E foi maravilhoso estar em cada uma delas para ver essa diversidade. Mas banho de mar e largartichar na praia é para Paros e Mikonos. Este último ainda tem uma vida noturna muito animada. E um lugar para dançar até o sol nascer na beira do mar que vai ser algo para se lembrar para toda uma vida.
Ontem meus pais foram embora. E eu fiquei com a Rachel aqui em Paros. Amanhã seguimos para o último destino, Creta. Vamos ver o que nos espera nesta ilha Grega mais perto da África.
Um beijo no coração de vocês queridos que deixei, mas como todo ciclo se fecha em breve estarei abraçando vocês como na despedida.





Créditos: Fotos Rachel Joffily

Mais fotos abaixo para completar o albúm:

Mikonos, Grécia


Mãe e Pai

Irmã Rachel e Eu


Mikonos, deguste a beira mar
Ciesta, Mikonos
Mãe e Eu, Santorine

Lua cheia em Santorine. Abaixo por do sol no mesmo dia.
Santorine, Grécia

3 comments:

  1. Os ciclos se acabam e outros se iniciam, Lydia. E é sempre bom participar aqui dos seus. Um dia chego na Grécia! Beijos e saudades.

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  2. Oi querida pateira de blog!Estou gostando de escrever. Mais curtindo mais ainda a sua visita sempre com comentários. É! ... os cliclos não são redondos mas espirais... abre, fecha, abre, fecha... todos interligados! Quem bom ter parceria nessas voltas. E quando você vier a Grécia eu esperarei os seus relatos... Volto em poucos dias! Lydia

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  3. Parteira! Você captou, né Carla?! Saudades também. Beijo. lydia

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